O mercado de criptomoedas iniciou o mês de junho em clima de cautela. Nesta quinta-feira (5), o bitcoin recua cerca de 1,89% mesmo com uma série de notícias consideradas positivas para o setor. A principal criptomoeda era negociada a US$ 103.202,20 por volta das 15h34 (horário de Brasília), enquanto o Ethereum desvalorizava 2,13%, cotado a US$ 2.580,24, segundo dados da Binance.
A queda do bitcoin surpreendeu parte dos analistas, que esperavam uma reação mais positiva do mercado diante de três acontecimentos relevantes: o IPO da Circle, emissora da stablecoin USDC, a movimentação do JPMorgan em direção à aceitação de ativos vinculados a criptos como colateral e o registro de um ETF de bitcoin pela empresa de Donald Trump.
Realização de lucros após forte valorização
Para especialistas do setor, o bitcoin recua mesmo diante dessas notícias por um motivo simples: realização de lucros. Após alcançar a máxima histórica de quase US$ 112.000 em maio, o criptoativo vem apresentando uma lenta correção. “O patamar dos US$ 100 mil é um suporte psicológico forte, e é natural que investidores realizem parte dos ganhos nesse nível”, comentam analistas da corretora Bitfinex.
Esse movimento tem sido acompanhado também por outras criptomoedas, como o Ethereum, que permanece pressionado abaixo da casa dos US$ 2.600. A queda nos preços é vista, por enquanto, como técnica e não estrutural, embora o cenário macroeconômico continue no radar dos investidores.
Estreia da Circle na Bolsa de Nova York
Um dos principais destaques do dia foi a estreia da Circle Internet Financial, responsável pela stablecoin USDC, na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). A empresa concluiu sua oferta pública inicial de ações (IPO) com precificação acima do esperado e, na abertura do pregão, seus papéis chegaram a subir tanto que as negociações foram temporariamente suspensas devido à alta volatilidade.

Esse movimento é visto como um marco para o setor cripto, reforçando a legitimidade e a busca por maior transparência e regulação entre empresas do setor. Ainda assim, a notícia não foi suficiente para sustentar os preços do bitcoin e de outros ativos digitais no curto prazo.
JPMorgan sinaliza nova fase com criptoativos
Outra novidade importante foi a divulgação de que o banco JPMorgan, um dos maiores dos Estados Unidos, pretende aceitar ativos vinculados a criptomoedas como garantia para operações de empréstimo. De acordo com reportagem da Bloomberg, a medida será inicialmente voltada para clientes das áreas de trading e gestão de patrimônio.
O anúncio reforça o movimento de instituições financeiras tradicionais em direção à tokenização de ativos e à adoção de soluções baseadas em blockchain. É também um indicativo de que barreiras regulatórias estão sendo gradualmente superadas no sistema financeiro norte-americano.
ETF de bitcoin da empresa de Trump
Além dessas duas movimentações relevantes, o mercado cripto também digeriu nesta semana o registro de um pedido de ETF com exposição direta ao bitcoin, feito pela Trump Media and Technology, empresa de mídia ligada ao ex-presidente Donald Trump. A proposta, se aprovada pela SEC (equivalente à CVM dos EUA), permitirá a criação de um novo fundo de índice com base no desempenho do bitcoin.
A iniciativa reforça a tendência de entrada de capital institucional no mercado de criptoativos, algo que tem sustentado parte da valorização vista desde o fim de 2023.
Expectativa sobre o relatório de empregos dos EUA
O mercado agora volta suas atenções para o relatório oficial de empregos dos EUA (payroll), que será divulgado nesta sexta-feira (6). A expectativa é de desaceleração na criação de vagas, o que pode reforçar apostas de um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) ainda neste ano.
Caso isso se confirme, pode haver novo fôlego para os ativos de risco, incluindo criptomoedas. Cortes nas taxas de juros tendem a favorecer o apetite por investimentos alternativos — como o bitcoin —, que se beneficiam de cenários de maior liquidez.
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