A Petrobras (PETR4) deu um passo estratégico em sua expansão internacional ao revelar, nesta semana, que a África será sua principal região exploratória fora do Brasil. O destaque vai para a Costa do Marfim, onde a estatal brasileira foi recebida com um “tapete vermelho”, segundo palavras da própria CEO, Magda Chambriard, em entrevista à Reuters.
A iniciativa está em consonância com a estratégia de longo prazo da companhia, que busca recompor reservas de óleo e gás e diversificar seu portfólio exploratório, com olhos voltados para mercados promissores além das águas brasileiras.
Costa do Marfim: nova fronteira exploratória da Petrobras
Na quarta-feira (4), a Petrobras anunciou ter apresentado declaração de interesse em nove blocos exploratórios offshore na Costa do Marfim, localizada na África Ocidental. A proposta já foi aprovada pelo governo local, por meio de seu Conselho de Ministros, e agora segue para a negociação dos contratos.
Essa etapa garante exclusividade à Petrobras nas tratativas, abrindo caminho para a atuação da estatal em águas profundas e ultraprofundas africanas — uma área em que a petroleira já possui ampla expertise.
Essa movimentação ocorre em um momento de busca por novas oportunidades de geração de valor, como afirmou a própria companhia em nota. O interesse reflete a confiança em ampliar fronteiras exploratórias e consolidar a presença global da estatal, sem abandonar o foco técnico e rentável da operação offshore.
Para entender a importância estratégica, vale lembrar que a Costa do Marfim tem atraído o olhar de grandes empresas do setor. A Petrobras passa a disputar, nesse cenário, oportunidades similares às das gigantes TotalEnergies e ENI, que também têm projetos relevantes na região.
Petrobras também mira costa da Índia
Além do avanço na África, a Petrobras também manifestou interesse em blocos na costa da Índia, onde participará de um leilão de áreas exploratórias previsto para julho deste ano.
Esse movimento sinaliza a retomada do protagonismo internacional da estatal brasileira, alinhado ao novo direcionamento estratégico da empresa sob o governo atual. A diversificação de áreas é, segundo a companhia, essencial para ampliar a resiliência e as opções de produção no médio e longo prazo.
Impactos no mercado: ações da Petrobras continuam em queda
Enquanto a estatal avança no exterior, o cenário interno não favoreceu os papéis da empresa nos últimos dias. As ações PETR4 e PETR3 caíram novamente nesta quarta-feira (5), marcando o menor valor de mercado desde junho de 2023.
Entre os fatores para essa pressão negativa está o recuo do petróleo no mercado internacional, mas também os efeitos das medidas econômicas anunciadas pelo governo federal, que impactam diretamente o setor de óleo e gás.
Um dos pontos de maior repercussão foi a possível mudança na metodologia do Preço de Referência do Petróleo (PRP), usado nos leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A alteração deve ser incluída em um pacote alternativo ao aumento do IOF, e pode gerar maiores custos de produção às empresas que atuam sob o regime de concessão — o que inclui a Petrobras.
Segundo analistas do Broadcast, essas medidas têm gerado incerteza regulatória e podem afetar a atratividade de futuros leilões da ANP, especialmente para companhias que planejam investir em novos blocos.
Estratégia de expansão com foco técnico
Apesar da queda nos papéis, a sinalização da Petrobras sobre sua estratégia internacional pode ser bem recebida pelo mercado no médio prazo. A aposta em áreas já mapeadas e com potencial exploratório reconhecido, como a Costa do Marfim, tende a agregar valor às operações.
Além disso, a exclusividade para negociação dos nove blocos na África dá à empresa uma vantagem competitiva em um momento de retomada de projetos de longo prazo no setor de energia.
Essa movimentação mostra um esforço coordenado para consolidar reservas e evitar dependência excessiva de campos maduros no Brasil, enquanto se aproveita de oportunidades geopolíticas favoráveis fora do país.
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