O mercado financeiro reagiu de forma positiva nesta terça-feira (3) após sinais de alinhamento entre os Poderes da República e da possibilidade de revogação parcial do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Com isso, o dólar comercial encerrou o dia em queda de 0,7%, cotado a R$ 5,63, enquanto o Ibovespa fechou com alta de 0,56%, aos 137.546 pontos.
O bom humor do mercado foi impulsionado pelo discurso conciliador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que indicaram maior diálogo com o Congresso para a busca de soluções fiscais, inclusive com uma eventual revisão na alíquota do IOF.
“A expectativa do mercado me parece ser de que uma parte do IOF vai ser revogada. Tem um incômodo maior sobre medidas de crédito, mas não temos sinalização concreta”, afirmou Milena Landgraf, chefe de investimentos da Jubarte Capital.
Setores reagem: financeiras e consumo puxam alta
O setor financeiro teve desempenho de destaque no pregão, com ações do Bradesco (BBDC4) subindo 1,7% e da B3 (B3SA3) com valorização expressiva de 3,43%. Entre as empresas ligadas ao consumo doméstico, Magazine Luiza (MGLU3) disparou 7,44%, Renner (LREN3) avançou 2,51% e Cogna (COGN3) teve alta de 1,01%.
Já entre os papéis ligados às commodities, houve movimento misto. A Petrobrás teve desempenho dividido, com queda de 0,27% nos papéis preferenciais (PETR4) e alta de 0,37% nos ordinários (PETR3). A Prio (PRIO3) avançou 3,04%, enquanto a Vale (VALE3) fechou praticamente estável, com leve baixa de 0,06%.
Dólar cai mesmo com pressão internacional
Em sentido contrário ao cenário global, onde o índice DXY (que mede o dólar frente a uma cesta de moedas fortes) subia 0,6%, o dólar comercial caiu no Brasil. Segundo analistas, o motivo foi a sinalização política de que as decisões fiscais passarão a ser mais dialogadas, sem novos anúncios “de supetão”, como destacou o economista Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos:
“O mercado viu com bons olhos o alinhamento entre Lula e Haddad e o compromisso de só anunciar mudanças depois de conversar com o Congresso. Isso trouxe alívio para os ativos brasileiros.”
Tabela: Desempenho do Mercado em 3 de Junho de 2025
Indicador | Valor | Variação (%) |
---|---|---|
Dólar Comercial | R$ 5.635 | -0,70% |
Ibovespa | 137.546 pontos | +0,56% |
Volume Financeiro | R$ 19,86 bilhões | – |
Bolsa brasileira atrai estrangeiros
A Bolsa brasileira também se beneficiou de um expressivo fluxo de capital estrangeiro. A B3 registrou entrada líquida de R$ 10,6 bilhões em maio, o maior valor desde dezembro de 2023. No acumulado do ano, o saldo positivo já chega a R$ 21 bilhões.
O movimento reflete uma rotação global de investimentos em busca de mercados emergentes e a percepção de que o ciclo de alta de juros no Brasil está próximo do fim.
Bolsas de Nova York sobem com dados de emprego
No cenário internacional, as bolsas de Nova York também fecharam em alta. O índice Dow Jones subiu 0,51%, o S&P 500 avançou 0,58% e o Nasdaq teve valorização de 0,81%. O movimento foi puxado por empresas de tecnologia, com destaque para a Nvidia, que subiu 3%.
A alta ocorreu após a divulgação do relatório Jolts, que mostrou 7,4 milhões de vagas em aberto nos EUA, acima da expectativa de 7,1 milhões. Isso reforçou a resiliência do mercado de trabalho americano e deu suporte à valorização dos ativos.
Expectativas e próximos passos
Com o alívio temporário na tensão fiscal, os investidores seguem atentos aos próximos passos do governo federal. Há expectativa de que medidas alternativas ao IOF sejam anunciadas ainda neste mês, o que pode manter o clima de otimismo no mercado.
Ainda assim, o cenário continua sensível a fatores como inflação, política monetária e decisões legislativas. A prudência segue sendo a tônica, embora os sinais de diálogo entre os Poderes tenham, ao menos por enquanto, afastado parte do receio dos investidores.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que qualquer revisão no aumento do IOF será parte de uma reforma tributária mais ampla, visando corrigir distorções no sistema financeiro . Ele destacou a importância de medidas estruturais que garantam sustentabilidade fiscal a longo prazo, evitando soluções paliativas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também sinalizou abertura para discutir alternativas ao aumento do IOF, enfatizando a necessidade de diálogo com o Congresso e com os setores afetados. A expectativa é que uma decisão seja anunciada antes da próxima viagem internacional do presidente, prevista para o final desta semana.
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