As relações comerciais entre Estados Unidos e China voltaram ao centro das atenções do mercado internacional após novas declarações de Donald Trump, ex-presidente norte-americano e pré-candidato à presidência em 2024. Em postagem na rede Truth Social, Trump afirmou que considera “muito difícil” firmar um novo acordo com o presidente chinês, Xi Jinping.
Apesar de elogiar o líder chinês como alguém de quem “gosta e sempre gostou”, Trump destacou a rigidez nas negociações com o país asiático:
“Ele é muito duro e extremamente difícil de se fechar um acordo.”

As falas vêm poucos dias após os dois países trocarem acusações de quebra de compromissos estabelecidos em um pacto comercial firmado em maio, durante negociações realizadas na Suíça.
O acordo de 90 dias que pode ruir antes do prazo
Em 12 de maio, Washington e Pequim haviam acertado uma trégua de 90 dias na escalada tarifária que vinha se intensificando desde abril. O acordo previa a suspensão da maioria das tarifas impostas por ambos os lados e a revogação de medidas comerciais retaliatórias chinesas contra produtos norte-americanos.
Contudo, poucos dias após o anúncio, autoridades dos Estados Unidos acusaram a China de não cumprir sua parte no trato. Segundo fontes da Casa Branca, Pequim manteve restrições severas à exportação de terras raras, insumo essencial para a produção de componentes eletrônicos e tecnologias de ponta — um ponto sensível na disputa tecnológica entre os dois países.

Medidas de retaliação aumentam o atrito
Além da manutenção de restrições chinesas, os Estados Unidos também deram passos considerados hostis por Pequim. Na semana passada, o governo norte-americano anunciou a revogação de vistos para estudantes chineses, alegando questões de segurança e espionagem tecnológica.
A China, por sua vez, criticou duramente o movimento e acusou os EUA de tentarem sabotar o crescimento do país ao restringir o acesso a tecnologias avançadas, especialmente em setores estratégicos como semicondutores e inteligência artificial.
Segundo analistas internacionais, essa disputa tem extrapolado o âmbito econômico e adentrado cada vez mais questões geopolíticas e de segurança nacional.
Impactos no mercado global e cenário futuro
A instabilidade entre os dois países preocupa economistas e investidores ao redor do mundo. Afinal, China e Estados Unidos representam cerca de 40% do PIB global e concentram cadeias produtivas vitais para setores como tecnologia, energia, transporte e agronegócio.
Analistas apontam que a frágil trégua tarifária pode não resistir até o prazo estipulado. A expectativa por uma conversa direta entre Trump e Xi Jinping, que poderia ajudar a amenizar o clima, ainda não tem confirmação por parte de nenhum dos governos.
“Esse tipo de declaração pública apenas aprofunda o abismo entre os dois países. O risco de uma nova rodada de sanções ou tarifas é real e pode ter reflexos globais”, afirmou Karen Goldstein, analista internacional do Eurasia Group.
Reações políticas e estratégias eleitorais
Especialistas em política externa também veem nas falas de Trump uma estratégia de posicionamento eleitoral. Ao criticar a China, o ex-presidente reforça sua imagem de político firme em negociações internacionais — uma retórica que agradou parte de seu eleitorado em 2016 e 2020.
O atual presidente dos EUA, Joe Biden, ainda não se pronunciou diretamente sobre as declarações de Trump ou sobre os impasses recentes com a China. No entanto, membros do seu governo têm reiterado que estão abertos ao diálogo, desde que haja reciprocidade por parte de Pequim.
A relação entre Estados Unidos e China continua sendo um dos principais pontos de atenção para o comércio internacional. Com o aumento de tensões diplomáticas, medidas unilaterais e retaliações mútuas, o cenário se mostra cada vez mais volátil e incerto.
Enquanto isso, empresas globais seguem monitorando os desdobramentos, temendo novos entraves logísticos, sobretaxas e restrições regulatórias que possam afetar o fluxo de produtos, investimentos e serviços ao redor do planeta.
Quadro-resumo: pontos centrais do impasse
Tema | Estados Unidos | China |
---|---|---|
Acordo comercial | Acusam descumprimento por parte da China | Alegam interferência tecnológica dos EUA |
Terras raras | Cobram liberação das exportações | Mantêm restrições estratégicas |
Tecnologias avançadas | Impõem limitações de acesso à China | Reclamam de cerceamento ao desenvolvimento |
Estudantes | Revogaram vistos de chineses | Condenam como ação discriminatória |
Próximos passos | Aguardam negociação direta | Nenhuma sinalização de encontro com Trump |
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